Biblioteca Pública de Alfenas integrou a Noite Mineira de Museus e Bibliotecas

Na cidade a ação contou com uma contação de histórias e uma roda de conversa sobre o livro físico na era digital

Por Aliene Eleonora de Carvalho

A Biblioteca Pública Municipal, João Januário de Magalhães promoveu na terça-feira (12/08), uma celebração de amor aos livros.

A iniciativa fez parte da programação da “Noite Mineira de Museus e Bibliotecas” - que reuniu cerca de 100 cidades de Minas Gerais, num grande momento cultural noturno - e reuniu crianças, jovens e adultos.

Inicialmente houve uma contação de história por Júnia Cezário (atriz e arte-educadora) baseada no livro infantil “É um livro”, de Lane Smith, que narra de modo lúdico o encontro de um burro e um macaco.  Frente a curiosidade do burrinho que nunca havia visto um livro físico, já que era usuário somente da tecnologia virtual, cabe ao macaco-leitor apresentar o objeto que não precisa “ser carregado na tomada”, “nem necessita de mouse”, muito menos possui “login”.

Em seguida, conduzindo as reflexões sobre a Biblioteca e o Livro Físico na Atualidade numa roda de conversa, estiveram presentes Eloésio Paulo e Marcos de Carvalho (escritores e professores da UNIFAL), Christianne Trombeta (mestre em história e secretária de desenvolvimento econômico de Alfenas) e Luana Bruna (escritora e professora de ensino médio). Também estiveram presentes os pró-reitores de extensão prof. Wellington Ferreira de Lima, da UNIFAL e prof. Rogério Prado, da UNIFENAS, além do jornalista e escritor alfenense Isnard Manso Vieira e diversos outros leitores.

Cada um dos presentes compartilhou seu processo de formação como leitor, sua experiência no contato profissional com alunos, sua visão de mundo frente a realidade das novas tecnologias e sinalizou as perspectivas para a Biblioteca e os livros.

Não se pode negar a importância das novas ferramentas, mas a percepção é de que são ferramentas e que o livro físico tem e terá sempre o seu lugar. Assim como o rádio não foi suplantado pela televisão, nem o teatro suplantado pelo cinema, a Biblioteca não será suplantada pelos sites de busca, antes, estes são complementares a elas.

O livro e a Biblioteca continuam sendo essenciais na vida de muitas pessoas e especialmente para a sociedade como um todo, “a leitura que transforma é no livro de papel”, nas palavras do filósofo e educador Leandro Karnal, e comprovado em experiências recentes em alguns países.

Recentemente numa entrevista o neurocientista Miguel Nicolelis fez observações contundentes sobre o uso das tecnologias – quando entendidas além de meros instrumentos - e sua ação sobre o processo formativo, inclusive questionando a celebrada inteligência artificial. Em suas palavras “de inteligência não tem nada”.

São afirmações polêmicas, que merecem uma profunda reflexão sobre o momento histórico atual e como estamos conduzindo a formação das novas gerações, bem como que modelo de sociedade estamos construindo, quais os valores que queremos preservar e formar.

Talvez hoje tenhamos mais “leitores” do que nunca, já que grande parte da interação no mundo virtual ocorre por meio da língua escrita. Ou seja, a escrita está muito mais presente hoje que há décadas.  Aquele que proclama “não gosto de ler”, é leitor assíduo de placas, anúncios, legendas e todos os suportes que inundam nosso cotidiano. 

Talvez o diagnóstico esteja formado. O momento atual é de certa desesperança, alguma frustração e muitos questionamentos. Como bem colocou um dos presentes, vivemos um certo caos que pode ser tomado tanto como “vazio”, “abismo” quanto como “estar bem aberto”, “entreabrir-se”, ou seja, uma fenda, uma abertura.  

E é por esta janela que a Biblioteca Pública de Alfenas vislumbra sua atuação focada no indivíduo e na comunidade na qual encontra-se inserida.  Destarte dificuldades estruturais, são realizadas ações de formação e incentivo à leitura como práticas constantes por meio do acolhimento atencioso ao usuário, da busca contínua do enriquecimento do acervo, da preservação da memória de Alfenas e região com coleção cuidadosamente montada, das visitas guiadas aos escolares, da participação em projetos e eventos, dentre outras.

Silenciosamente, mas com muita determinação, o “trabalho de formiguinha” tem sido realizado em Alfenas, pela Biblioteca Pública

O grande desafio talvez seja a qualificação do material lido e a qualificação do próprio leitor no sentido de melhorar-lhe a habilidade e propiciar-lhe maiores opções.

Estes são alguns dos papéis das políticas públicas de educação e cultura a serem implementadas e a Biblioteca Pública de Alfenas - enquanto um dos sustentáculos desta ação - não tem se furtado de seu compromisso no enfrentamento destes desafios.

VOCÊ JÁ CONHECE A BIBLIOTECA PÚBLICA DE ALFENAS?

A recente ampliação do horário de funcionamento para 12 horas ininterruptas (das 8:00 as 20:00h – de 2ª a 6ª feira) é prova deste esforço. Alfenas é uma das poucas cidades de Minas Gerais que possui horário tão estendido, além de possuir acervo com mais de 30.000 exemplares, presença de profissional especializado e, especialmente, uma história de mais de 75 anos de funcionamento ininterrupto.

A Biblioteca é lugar de livro... e de gente!!

Visite a Biblioteca Pública de Alfenas

Praça Dr. Fausto Monteiro, 347 (ao lado do Teatro Municipal)

De 2ª à 6º feira

Das 8h às 20h